sexta-feira, 27 de junho de 2025
A vida tem dessas coisas.
Ela era uma jovem aventureira, louca para viver os melhores anos da vida! Aliás, este deveria ser o objetivo de todos nós: viver intensamente os melhores anos da nossa vida. O trabalho, os boletos, a morte nos impõem medo, mas ainda há tempo de se encontrar o Tempo.
Juliana Marins, do alto dos seus 20 e poucos anos, escalou o vulcão indonésio, sem medo, com a cara e a coragem, quis viver o desconhecido. Somos eternos adolescentes querendo experimentar o mundo!
A escalada difícil, terreno arenoso e íngreme, o frio e as pessoas (frias) foram a grande primeira barreira. Cansada, pediu um tempo, mas o grupo tinha horário e um objetivo. ___Fique e descanse, depois volto para te buscar.
O tempo fechado e frio, o alto, o isolamento, aparentemente, assustaram a Juliana. Ela é de carne e osso. Após a longa espera, decidiu seguir. Só e na escuridão de alvuras, pisou num banco de areia rala que fizeram ela despencar mais de 200 metros abaixo. A pancada forte e o susto a deixaram desnorteada, mas ela estava ali, visível e viva, precisando, apenas, de um resgate decente.
Tem resgate na Indonésia? Teve para um homem branco e europeu alguns anos atrás. Tá certo que o tempo no dia do resgate do irlandês estava limpo, mas não podemos culpar as nuvens. Uma mulher preta e tropical estava jogada a própria sorte. Diante da morosidade do governo, a mulher foi ficando...dia após dia, abandonada, jogada, deixada. Que culpem o tempo ou o país subdesenvolvido, que culpem o guia, as companhias, o vulcão, mas não culpem a jovem Juliana Marins! Não façam isso! O medroso desdenha da coragem do outro, o invejoso desmerece o sucesso de qualquer um, a internet é um terreno seguro para quem se julga sábio, desfilando soberba de maneira prolixa.
O governo da Indonésia não foi negligente, é negligente. Como cobrar desse povo? Mas sempre tem gente boa em qualquer lugar! Movido por solidariedade, o alpinista Agam Rinjani saiu às pressas de Jacarta com a sua equipe, com amor pela profissão e compaixão pela situação de abandono da Juliana, seguiu para fazer o resgate. Com luta e suor, frio e risco de sucumbir, encontrou o corpo da nossa querida. E a vida? A vida tem dessas coisas.
Que a família seja confortada pela história de uma mulher brasileira, preta e destemida. É para isso que criaram a filha: para ela ser quem ela quisesse ser!
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário