segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

A primeira dose a gente nunca esquece.

A primeira dose a gente nunca esquece. E a primeira dose foi numa enfermeira de 54 anos que atua na linha de frente no combate ao novo coronavírus desde o início da pandemia, a senhora Mônica Calazans. Parabéns Mônica! Que você e toda a sua turma sejam imunizados urgentemente! Que tenham a esperança de novas manhãs! Vocês são a grande referência de amor à pátria nesses tempos difíceis. Somos todos muito gratos a cada profissional da saúde que, em muitos casos, pagaram com a própria vida nessa luta. Vocês devem ser amados e respeitados, jamais odiados. Tá, é certo que todos nós temos uma história de conflito em algum hospital por aí, mas o tempo é outro: tempo de perdoar, amar, unir forças e vencermos, juntos, a grande ameaça que cerca a humanidade! No Brasil, de modo especial, a grande ameaça que exaspera fagulhas de pólvora e saliva contaminada está na cadeira presidencial. O nosso Presidente da República negou a ciência, quis politizar a ANVISA, sabotou todas as medidas de prevenção contra o contágio viral, comprou toneladas de cloroquina, alucinou tanto que inventaram até o ozônio anal. Foi mais longe e passou a vida incentivando o tal do tratamento precoce. Nem tratamento precoce, nem banho de mar: as únicas garantias eram (e ainda são) o distanciamento social, higienização das mãos, dos lugares, dos objetos e o uso de máscaras. Pode ser aqui, do Guarani ao Morumbi, pode ser do Leme ao Pontal ou do Oiapoque ao Chuí. Mas... e o presidente? __ E daí? A coletiva da ANVISA foi um show à parte. Cada diretor decidiu ser, de fato, cientista. Declararam, de modo incisivo, que não existe tratamento precoce e que não podemos contar com a sorte. Todos chutaram para além mar o balde das quinas, tinas, dos feijões santos e dos lencinhos sagrados. Declamaram, em cadeia nacional, um poema de amor à ciência, despachando a tosse e o tratamento precoce. NÃO EXISTE OUTRA SAÍDA! Nesse momento, só temos a vacina. Apesar dos conspiradores, do nanochip, da nova ordem mundial etc e tal, não existe mais nada contra essa doença que já se provou ser fatal. O grande debate, agora, é a obrigatoriedade. Nesse ponto, creio que o país pode seguir sendo referência mundial em campanhas de vacinação. Que sejam feitas as campanhas e que, quem quiser, que se apresente para levar a picada. Os negacionistas que se entendam com o vírus. Não acredito que o número de negacionistas seja tão grande ao ponto de interferir no sucesso da vacinação. Talvez se o presidente der o bracinho à torcer e protagonizar uma cena fantástica, tenhamos uma adesão geral. Seria uma ótima alternativa para combater o Dória, seu principal adversário político. Aliás, falando em Dória, este soube aproveitar ao máximo o palco dessa tragédia. Cada fala, cada gesto, cada uma das coletivas, em tudo soube fazer sua campanha no intuito de substituir o Bolsonaro em Brasília. Não voto na turma do Aécio, mas que a resposta do Dória ao Pazuello foi uma mitada, isso foi. Foi um coice! Era pra ser pro presidente mas, como bom covarde, não apareceu ontem a tarde. Que venha logo a minha vacina! Aoooooo vontade de levar essa agulhada!

domingo, 17 de janeiro de 2021

Quem tem ouvidos, que ouça, que grave, que se lembre dessas palavras infames.

Notícias do rádio! Em entrevista à Jovem Pan, ele disse que "não tem por que ter esse trauma todo apenas preocupado com a Covid". Ao relativizar a pandemia, o presidente argumentou que o lockdown e o isolamento social causam "muito mais morte (sic)" do que o vírus. "Esse lockdown, esse isolamento causa muito mais morte (sic), por depressão, por suicídio, por falta de emprego lá na frente do que a própria pandemia em si. Eu não tenho aqui os dados, o número de mortes por tipo de doença. A Covid tá mais lá embaixo. Então não tem por que ter esse trauma todo apenas preocupado com a Covid", declarou o presidente, em entrevista ao programa "Os Pingos nos Is", da Jovem Pan. Quem tem ouvidos, que ouça, que grave, que se lembre dessas palavras infames. Seu voto poderá transformar este cenário macabro, de desprezo pela vida e de total inércia diante do grave problema causado pela pandemia no Brasil: a falta de empatia.

a ilha das fantasias insanas!

No dia D, na hora H, a gente vai se encontrar prá modi a gente se amá. Não espera mais, não sofra minhas demoras, eu quero é paz e por isso vou dos EUA à China, onde estiver a vacina, lá estarei, menina! Essa fumaça sem graça que sai de Brasília, como se lá fosse uma ilha: a ilha das fantasias insanas! Brota das janelas fumaça e neblina, uma mistura de óleo diesel com purpurina, um verdadeiro carnaval de direita, uma carnificina. O Tatu aparece com seu jeito meigo enquanto o patrão, todo esnobe, faz mandinga para os pobres. Nas redes sociais posta fotos como se todos fossem iguais, após milhares de likes, desfaz a mesa e pede algo robusto pelo cartão corporativo. E o cartãozinho de vacina? Já está anotado: Primeira dose da pfizer tomada no dia da liberação nos EUA. Sigilo garantido! As verdadeiras fotos jamais serão postadas.

domingo, 10 de janeiro de 2021

Na lista de afazeres constava jogar pecinhas azuis no lixo.

Na lista de afazeres constava jogar pecinhas azuis no lixo. Para quê tanto capricho? Não faça isso! Estas pecinhas azuis são raras, persistem mais que outras para um mundo mais azul. Tá tudo azul!

A culpa é do Pazuello

Charge by Aroeira A culpa é do Pazuello. Alguém duvida disso? Coitado do Pazuello, como bom general, recebe, caladinho, as ordens do capitão e se lasca todo mas... não larga o osso. Quando estiver lá, bem no fundo do poço, ainda ouvirá do Bolsonaro: cala a boca p#%%@! Tristeza pouca para tantas mortes, que esse governo acabe numa masmorra! País onde o Ministério da Saúde é o pária de todo médico, onde as cabeças batem mais que bezouro na lua. Sim: estamos todos no mundo da lua, sendo o sol da Terra e o satélite de outro planeta, descoberto pelo desbravador e astrólogo Olavo de Carvalho, a bela Terra Plana. A cloroquina sobrou? Culpa do Pazuello. A vacinação atrasou? Culpa do Pazuello. Vazou um nude do cartão de vacinação do Jair em 2050? Culpa do Pazuello. Quebrou a Riachuelo? Culpa do Pazuello. Erraram no corte do cabelo? Culpa do Pazuello. De êllo em êllo a gente faz esse apelo: culpem o verdadeiro protagonista dessa tragédia toda! Jair Messias Bolsonaro. Sigamos firmes para que, em 2022, estejamos livres das pragas e dos vírus que habitam o magestoso Palácio do Planalto. Jamais pense baixo, com o seu voto, você poderá tirar este país desse mato. Mirem-se no exemplo das mulheres (e dos homens) dos EUA, que despacharam o insólito Trump. Façamos como o Twitter: banned forever.

domingo, 3 de janeiro de 2021

uma filha, uma irmã, nunca uma escrava.

Naquela manhã de 1982 na pequena São Miguel da Anta, Minas Gerais, uma garotinha faminta bateu à porta de Dona Gracinha em busca de um pão. De cara, não recebeu um não, mas algo mais que pão. A Dona Gracinha era uma professora muito querida na cidade, inclusive, dona de uma escola. Ela fitou aquela menininha e viu que ela tinha potencial, não para galgar os degraus da educação, mas para lavar os degraus da sua casa. A menina se chamava Madalena, bem franzina e pequena, cuja mãe tinha mais uma renca de filhos. Dona Gracinha ofereceu ajuda à mãe de Madalena, prometendo cuidar como se sua filha fosse. Aquela senhora, querendo o melhor para filha, aceitou a proposta e deixou a pequena na casa dos Milagres Rigueira. Na hora de ir para escola sua nova mãe disse que ela não precisava mais estudar pois já era uma mocinha. É engraçado: uma professora desprezar os estudos de uma criança. Tirar os estudos da Madalena foi o grande e principal crime. O opressor sempre sabe que uma pessoa que estuda vai conhecer seus direitos e vai lutar por eles. De 1982 a 2006, Madalena viveu sem escola, sem brincar, sem se socializar. Ela vivia presa às vontades de Dona Gracinha. Lavava, cozinhava, passava, fritava, molhava... fazia todos os serviços domésticos. Como recompensa, não tinha nada: nem dinheiro, nem carinho, nem conforto. Absolutamente, nenhum luxo, nenhuma diversão, faltavavam-lhe, apenas, os grilhões. Madalena cresceu sem viver as fases da vida, parou na fase onde ela era escravizada por uma família repleta de boas intenções, tipo o inferno. Enquanto Madalena teve seus estudos cancelados, um dos filhos de Dona Gracinha chegou ao doutorado. Naquele ano de 2006, o esposo de Dona Gracinha estava fatigado da presença da Madalena, deu pra pegar no pé da coitada. Para preservar o humor e a saúde mental do Senhor Vanir Rigueira, Madalena foi dada ao filho, Dalton César Milagres Rigueira, que, naquele ano, fora contratado por uma faculdade particular na cidade de Patos de Minas. E lá se foi Madalena, para bem longe de sua família biológica e também da sua "mãe de coração" (ruim). Em Patos, Madalena passou a viver num quartinho abafado em um condomínio chique. Em 2001, após um plano infalível de sua futura nova dona, casou-se com o tio de Valdirene Rigueira, ex-combatente das forças armadas brasileira, com duas aposentadorias. Pouco depois, o ancião morreu sem nunca ter vivido como marido ao lado de Madalena. A partir de então, Valdirene passou a administrar a pensão repassada para Madalena, coisa de uns 8.000 reais mensais, dos quais repassava entre 50 e 200 por mês para a verdadeira dona. Que crime é esse? Apropriação indébita. Madalena viveu como escrava até que alguns vizinhos denunciaram o caso ao Ministério Público do Trabalho. Recebeu sua alforria em novembro de 2020, mas nada fará voltar o tempo perdido durante essa malvada estada de escrava numa casa de família. O interessante é que os Milagres Rigueira usam o argumento de que ela era parte da família, uma filha, uma irmã, nunca uma escrava. Em sua dedicatória de doutorado, o professor Dalton agradeceu a todos de sua casa e, de modo especial, aos suínos (objeto de sua tese). Em nenhum momento surge o nome Madalena. Madalena nunca existiu como ser humano para esta família, era uma coisa, só isso. Que você volte a sorrir, Madalena! que compre as bonecas que quiser, que compre as roupas que quiser! Que seja feliz! E que seus agressores sejam punidos. Se você desconfia de alguma família bondosa que, por acaso, esteja ajudando uma criança, joven ou adulto nas mesmas condições do caso Madalena, denuncie! Omissão também é crime. Não importa quanto tempo passou, escravidão não prescreve. Denuncie!

sábado, 2 de janeiro de 2021

Eu nado, tu nadas, ele? NADA.

A praia era a Grande: Grande Merda era o nome do evento. Uma grandiosa aglomeração marcada para começar o primeiro dia do ano e celebrar o Dia Mundial da Confraternização e, de quebra, continuar dando força para o vírus da COVID-19. Nem 20, nem 21, 19. Atrasados, sem começar uma vacinação, o país dá o ponta pé no 21 batendo na casa das 200.000 vítimas dessa doença desconhecida. Bolsonaro, o Presidente do Brasil, ficou sabendo da festinha estranha com gentes esquisitas e ainda descobriu que eram seus apoiadores. Não deu outra: quis juntar-se ao bosteiro. De seu barco, deu um mergulho certeiro. Ao cair de ponta na água, todos ouviram um barulho de descarga. Os seguranças molharam suas armas para satisfazer mais uma sandice do chefe e nadaram afoitos para acompanhar o atleta do Planalto. Os bolsonaristas ficaram em polvorosa, gritavam, mijavam, batiam forte nas águas do mar, dando forma, cor e cheiro à segunda onda. Após a patética e asquerosa cena, (tudo que não precisávamos para este começo de ano) o presidente sai, molhadinho, aos gritos de mito. As imagens correram o mundo e agora todos sabem que o nosso presidente sabe nadar, inclusive, melhor que o Putin, que já começou a vacinar os russos né? Eu nado, tu nadas, ele? NADA. Que nojo de todas as águas do Oceano Atlântico.