quinta-feira, 28 de novembro de 2019

somos bodas de flores e frutas!


quatro anos de vida matrimonial ao lado da pessoa que me acerta.
ela ajudou o cupido com seus olhos de sedução
e eu não tive outra opção, mas a melhor opção: casar!
e daí nos casamos.
teve cerimônia emocionante, teve festão, teve lua de mel
e tudo direitinho como rezam as tradições.
fizemos nossa nova vida rapidinho e nasceu
o homenzinho de nossas vidas, hoje com três anos.
e a gente segue aprendendo o novo.

o amor nunca se cansa de amar
e o nosso está para ser descobrido
no dia a dia, sol por sol, de chuva em chuva.
seguimos escrevendo nossa história
como quem escreve um romance
e vai se entusiasmando a cada novo capítulo.

somos bodas de flores e frutas!
veja que lindo!
um jardim inteiro que embeleza nossos olhos e ainda é comestível!
a gratidão é tremenda! Deus é um paizão!
minha flor, árvore frutífera, água doce de rio suave,
nossa história é feita de cumplicidade,
diálogo e de felicidade.
gratidão pelos quatro anos de um casamento que é leveza,
onde não nos preocupamos com as roupas sujas,
nem com as folhas que caem da amoreira.
nunca me sacie, nunca me complete,
para que eu queira mais e mais e mais...

terça-feira, 19 de novembro de 2019

e a conversa era, por sinal, muuuito picante!


quando passei por uma das avenidas mais movimentadas da cidade
vi algo que se parecia com um celular bem no meio da pista.
dei a volta no quarteirão e parei para me certificar.
era um telefone celular!
apenas com arranhões, tratei logo de colocá-lo no meu bolso
e esperar aquela ligação desesperada.

esta não foi a primeira vez que encontro um celular
jogado por aí, é a sétima vez.
desde o tempo que eram analógicos eu já
tinha essa sorte.
sempre devolvi e nunca pedi um centavo de recompensa.
mesmo assim numa das ocasiões, um rapaz insistiu
para que eu pegasse 50 reais.
gastei com desinfetante para doação.
já perdi um celular,
pergunta se devolveram?
a lei brasileira é clara conforme reza o art. 169 do código penal - decreto lei 2848/40:

Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
Apropriação de tesouro
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio;
Apropriação de coisa achada
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias.


noutra ocasião quase perdi foi a paciência.
achei um celular novinho numa estrada vicinal.
pouco tempo depois um rapaz ligou dizendo que era dele
e falei pra ele ficar tranquilo que bastava a gente combinar o local de entrega.
ele disse que estava longe mas que iria voltar rapidamente para cidade
e me procurar.
10 minutos depois liga uma mulher,
quase chorando ela me pediu que devolvesse o telefone do filho dela
porque o aparelho estava na primeira prestação.
acalmei a senhora dizendo que estava tudo bem e que seria devolvido.
alguns minutos depois e outra pessoa liga:
__tem que devolver esse celular hem??
__já combinei com o dono, se eu quisesse ficar com o telefone já tinha desligado!
__esse telefone foi caro e o rapaz usa pra trabalhar!
__ora, já falei que vou entregar! se vocês me ligarem mais uma vez
pra repetir essa ladainha vou tirar o chip e vender esse trem!!
__não sô!!
__então por favor né? vou esperar apenas o dono me ligar pra pegar de volta.
depois o dono buscou o celular e custou a agradecer.
pelo jeito tinha certeza que eu não devolveria.
ingratidão terrível.

depois de uns 30 minutos liga uma senhora querendo saber quem era.
falei que eu não era o dono, que tinha encontrado o celular etc e perguntei o nome dela,
em seguida ela desligou.
5 minutinhos depois me liga a mesma voz, toda desconfiada:
__ou, cadê o dono do celular?
__não sei, gostaria de saber. a senhora sabe o nome dele?
__é...
__qual o seu nome?
__onde tá esse celular?
__eu preciso saber o seu nome, o nome do dono pra dar um jeito de devolver!
__tu tu tu.....
interessante é que a senhora só me ligou de número privado.
fui dá uma olhada nas fotos e na agenda do celular e....pasmem!
nenhuma foto e apenas um contato sem identificação.
bom, vou ter que acessar o whatsapp, pensei.
mensagens trocadas apenas com uma mulher
e a conversa era, por sinal, muuuito picante!
só falava de sexo, encontros, sexo, fantasias sexuais, sexo sexo sexo.
o telefone toca (número confidencial, pra variar):
__bom dia, aqui não é o dono desse celular, me ajude a encontrá-lo!
__eu sou o dono.
__opaa! bom dia! achei no meio da avenida.
__pois é, devo ter esquecido em cima do carro...
__me fale as características do aparelho:
__ahh, ele é assim assim assado...
__opa, é esse mesmo! qual o seu nome??
__é...joão...
__ok joão, tava difícil falar com você, nenhum contato na agenda e o povo só te liga com número privado.
__então, o senhor pode me entregar por favor? onde está?
__vamos nos encontrar daqui a pouco na área central, endereço tal.
__ok.
em menos de meia hora me encontrei com o dono.
ele chegou muito timidamente já agradecendo.
solicitei um documento dele só para saber para quem eu devolvia
e no documento não era joão.
__uai, seu nome não é joão??
__não, joão foi um rapaz que pedi pra te ligar, meu nome é esse aí.
__ok, taí seu celular. muito cuidado! se ele sumir de novo tem que deixar ao menos um número
que permita achar você, isso se você tiver a sorte de uma pessoa honesta encontrar.
e ele se foi, extremamente constrangido, com seu celular secreto.

senhores e senhoras, fiquem atentos e...
cheguem às suas próprias conclusões.



sábado, 16 de novembro de 2019

minha solidariedade a você, rosi.


minha solidariedade a você, rosi.

fui fazer compras num desses hipermercados que atendem o atacado
mas também o varejo.
quando estava colocando as coisas no porta-malas,
do meu lado um casal fazia o mesmo.
era a rosi e o capataz dela.
o capataz gritava:
__tá vendo o que você fez?? cê vai voltar aqui pra reclamar?
__(...)
__sua retardada!!

quando eu disse que o bicho gritava, ele gritava mesmo.
dava pra ouvir em todo o grande estacionamento.
a simpática senhora de meia idade, cabelos longos e pretos,
saia jeans abaixo dos joelhos, pele alva, permanecia em silêncio,
mas vi em seu rosto o grito preso, o constrangimento,
a dor de ser tratada tão brutalmente em público.

naquele momento eu quis falar algo, tive compaixão
e, ao mesmo tempo, raiva.
mas, para eu intervir numa briga de casal
só se começarem agressões físicas.
me contive como se o sansão me segurasse para não ir.

quando cheguei o casal já estava guardando suas compras,
logo terminaram e ela foi devolver o carrinho no lugar certo.

acho muito educado devolver carrinho de supermercado.

ela saiu empurrando o carrinho e o bicho gritou com sua boca espumando ódio:

__rosi!! rosi!!! volta aqui caralho, vamos embora!!

mesmo com os gritos do coiso, ela devolveu o carrinho.
foi nesse momento que descobri o nome dela.

saí para devolver o meu carrinho e topei com ela voltando.
foi a minha oportunidade de mostrar solidariedade.
olhando naqueles olhos de dor, disse, sem gritar:

__rosi, você não merece isso.

é claro que ela me viu e ouviu, mas apenas entrou no carro e se foi.
o carro estava muito sujo, o que me fez supor que
talvez morassem em área rural.
a placa era de coromandel-mg.
apesar do barro, li no adesivo no para-choque traseiro:
BOLSONARO 17 #CONTRACORRUPÇÃO.

depois de tanto andar pelas ruas coloniais da cidade do méxico


depois de tanto andar pelas ruas coloniais da cidade do méxico,
finalmente, chegamos ao museu.
um prédio majestoso, imponente...lindo!
dentro, comecei a procurar um lugar para tocar sax.
montei o instrumento e comecei a solar algo
meio ode, meio fúnebre.
cheguei numa janela por onde algumas pessoas queriam
passar, mas um segurança de uns dois metros de altura
espantava todo mundo.
de dentro do museu tocava e contemplava o lá fora
pela janela protegida.
as telas e obras de arte perderam a minha atenção
para uma janela aberta, porém presa.

como num passe de mágica já estava num bordel em paris e,
pelo jeito, no século retrasado.
pelas vestes das pessoas, com certeza, foi uma volta no tempo.
ou seria uma festa temática?
sei lá, só sei que estava no inverno.
muito frio!!
ao menos diminuía o cheiro de corpo,
tão reclamado por quem está acostumado com banhos diários.

sem nada mais para me surpreender, desperta na sala o tu tu tu
do despertador.
põe pilha nesse corpo e vai trabalhar que sua janela está fechada,
mas as portas estão abertas.