terça-feira, 29 de dezembro de 2020

TODOS OS PECADOS CAPITAIS.

(Photo by Eduardo Matysiak) O tempo parou nesse país e já estamos chegando no lastimável número de 200.000 mortos pela COVID-19. Vários países já começaram a vacinar seus cidadãos, mas, em países pobres isso não foi nem aventado. O Brasil é um país rico (em desigualdades) mas é governado por um presidente fora da curva, de qualquer curva, exceto, da curva de mortos pelo novo coronavírus. Neste caso em específico, o presidente responderá, severamente, pelos absurdos que cometeu e tem cometido. Enquanto todos tentam chegar em uma saída, ele insiste num labirinto politiqueiro e asqueroso, limpando cacas do nariz na constituição, babando no prato dos famintos e servindo a essência do que tem de pior: TODOS OS PECADOS CAPITAIS. Famílias sendo dilaceradas para sempre, mas o nobre presidente segue com suas estafantes falas, com seus hábitos horrendos e com a leveza de quem acha que é, mas não é. Com a sua GULA, quer o banquete todo para si e rosna quando algum governador se aproxima; Com a sua AVAREZA, despreza Deus acima de tudo e idolatra o poder; Com sua LUXÚRIA, descontrói o que os cristãos acreditam ser para sempre, e faz valer o ditado que diz sobre comer gente; Com a sua IRA, despeja veneno em seus opositores, arma ciladas para aqueles que são contrários à sua ideologia mórbida, ceifa a liberdade de expressão; Com a sua INVEJA, sonha ter o reconhecimento que tíveram outros presidentes, avacalha com a reputação daqueles que inveja, impede que as políticas públicas sejam adotadas; Com a sua PREGUIÇA, joga tudo nas mãos do Guedes (e de todo time de amadores) para ficar fazendo o que mais sabe fazer: nada; Com a sua VAIDADE, acredita piamente que é o melhor presidente do mundo, compra briga com países importantes para a balança comercial apenas para se sentir lembrado, apenas para sentir o gostinho da soberba de ter seu nome pronunciado lá na europa. Estamos morrendo. Etamos dependendo de um governo que faz parte da turma de lunáticos que militam no movimento antivacina, que acreditam em conspirações alucinógenas, que desmerecem a luta contra o racismo, contra a misoginia, contra a homofobia... Fazemos parte de um cenário obscuro, onde a luz no fim do túnel brilha em 2022, e só será alcançada pela democracia do voto. Por mim, por você, por todos nós, brasileiros: Corrija o seu voto em 2022! A pior das doenças já estamos vivendo e a vacina está nas urnas.

domingo, 13 de dezembro de 2020

Apesar de você, amanhã há de ser outro dia

A vígilia começou, na igreja, um silêncio de dor mas todos ali sabiam o que pedir para Deus: o fim da pandemia. Muitos dos nossos amigos e parentes perderam a vida para esta doença, tão estranha e desconhecida. No templo, em meio ao cheiro agradável dos incensos, reinava um gosto de luto. Me lembro que, na semana passada, havia passado na porta da igreja e, pela porta entreaberta, vi quando um morador de rua entrou, passou em frente ao altar, ficou por alguns minutos e sumiu num canto cego. Pensei que, talvez, pudesse oferecer ajuda, mas decidi não me comprometer. Nesta outra ocasião, fui convidado para fazer parte da equipe de canto. Cheguei com meu instrumento musical, porém, atrasado. Enquanto montava o equipamento, vi o mesmo mendigo da semana passada, passando no meio das poucas pessoas que estavam na igreja. Ele andava todo emborcado. Muitas pessoas não estão se arriscando, de maneira alguma, a sair de casa, afinal, a doença tem se arrastado no tempo, sem solução, enquanto o governo federal não sabe o que fazer. Já são quase 300.000 mortos no país. Muitas famílias despedaçadas, muita gente que acreditava na mentira desse vírus hoje se encontra a sete palmos do chão. O morador de rua, com um odor insuportável, passava entre todos, por sinal, ele não usava máscara. Aliás, via-se pelas mãos que há meses ele não tomava um banho, mesmo assim, lambuzou-se de álcool em gel na entrada. Quando o vi, passando lentamente e cabisbaixo, decidi deixar meu sax e ir ao encontro daquele homem. Antes que eu me achegasse, o Padre Flávio chegou primeiro e, educadamente, começou a conduzí-lo para a porta lateral da igreja. Voltei até a equipe de canto para guardar meu instrumento e ficar por conta daquele sofredor das ruas. Quando dei a volta para chegar até a porta lateral, uma pessoa me informou que levaram o homem para o banheiro. Fui para o banheiro, porém, não consegui entrar, não sei por qual motivo, havia grades impedindo que eu chegasse pelo caminho mais curto e mais óbvio. Das grades, conseguia ver pela janela, e, para minha surpresa, vi o sr. Ditão dando um banho no morador de rua. Comecei a rir muito porque o Ditão estava tomando banho também, fazendo valer a lógica de que, já que está na água, é pra se molhar. Junto com o Ditão, vi dois amigos de longa data, caras com quem comecei o trabalho de assitência às pessoas em situação de rua, trabalho este que exerço ainda hoje. E creio que sempre. Despertei feliz para um novo dia e, ao mesmo tempo, assustado com a alarmante profecia. Apesar de você, amanhã há de ser outro dia, como diz o Chico Buarque, né?

cantávamos "desesperar jamais" do Ivan Lins.

Éramos três atendentes, enquanto aguardávamos os clientes cantávamos "desesperar jamais" do Ivan Lins. Estávamos dispostos um ao lado do outro, sendo que mais próximo da porta ficava o Fortis, no meio o Altum e depois eu. Meu nome vocês já sabem. A primeira cliente chegou e foi direto no Fortis. Conversaram, negociaram...e chegou o segundo cliente. Quis aguardar para ser atendido também pelo Fortis. Eu e o Altum não fizemos nada, apenas, observamos. Uma terceira cliente chegou e se dirigiu à mesa do Altum. Ele ficou feliz e atendeu com todo carinho. Assim que saíram todos os clientes, ficamos nós três cantarolando Lins. O Altum parou a música e disse que poderia cuidar de tudo, assim, ficaríamos mais sossegados para fazer outras coisas. A proposta foi, para nós, atraente. Deixamos nossa cadeira, sem desespero, e fomos fazer outra coisa na vida. Nada de novo neste momento onírico.