terça-feira, 12 de junho de 2018

porque amor e justiça aqui é mato.


meu beijo se casou perfeitamente com o seu beijo,
e assim, de beijo em beijo, nos casamos.

passamos as fases do jogo da vida com muitos beijos
e conseguimos ser mais um,
o terceiro elemento,
que rouba os seus e os meus beijos mais que eu
e mesmo assim não reclamo:

amo!

nosso amor é para cada dia e dia doze de junho
apenas temos certeza do que seremos sempre,
mesmo sem champanhe, mesmo sem pétalas de rosas vermelhas sobre nossa cama,
mesmo sem presentes ou quitutes,
afinal, hoje você é a estudante e eu o babá.
as flores roubadas fizeram um lindo buquê!
ahhhh sim! sou homem de atitudes!
você, toda linda com suas tantas virtudes
merece muito mais que flores roubadas e disso eu sei,
mas de ladrão pra ladrão,
quem roubou mais foi você,
pois roubou meu coração.
nesse caso não te alcança a lavajato
porque amor e justiça aqui é mato.

sábado, 9 de junho de 2018

dizem até que sou um maldito comunista!


lá estava eu, novamente nos eua,
numa cidadezinha interiorana cheia de gente loira.
peraí? que vontade é essa de visitar os eua?
dizem até que sou um maldito comunista!
relevâncias a parte, tudo era para uma entrevista
e o show era de arte.
eu fazia parte de uma banca de jurados
que definiria as notas para apresentações de músicos de jazz raiz.
uma tv local estava cobrindo o evento
e numa das apresentações a repórter sentou-se ao meu lado
e começou a fazer perguntas.
perguntei pra ela antes se deveria responder em português
ou inglês, ao mesmo tempo relatei uma experiência
que tive com meu inglês pífio num outro evento na áustria.

agora: como é que pode?
essa experiência europeia foi noutro momento onírico
do qual eu havia me esquecido completamente!
e a história veio rebrotar noutro momento onírico!
isso que é uma realidade noutra,
a matrix.
vai ser felix!

bom, a jornalista disse que por ela tudo bem,
eu poderia ficar a vontade com o idioma.
nisso começa a apresentação de um dos grupos,
mas o jazz dos caras se assemelhava a um estilo country music.
foi só a banda começar a tocar e entraram dois moradores de rua,
dançando efusivamente e roubaram a cena.
os homelesses estavam muito felizes com a levada
e me lembraram os irmãos de rua da praça da bíblia.
comecei a rir e pensei:
irmão de rua é tudo igual, nos eua ou no brasil,
os caras arrasam até no mico embriagado.
a entrevista teve que esperar.
quando o show terminou eu já me encontrava no meu trabalho.

domingo, 3 de junho de 2018

__papaiêe, papaiêee!


o homenzinho da minha vida tá soltando a língua!
começou com abre: "abi"
depois passou para abre aqui: "abi aqui", meio gutural.
agora já fala desce, bola, bala, queijo, mais, café, boi,
muuu, po po pó, canta ieiê e encanta a gente.

papai e mamãe ele fala já há algum tempo,
papai ele pronuncia perfeitamente,
mamãe, mais ou menos.

se eu gosto disso?
amo!

fingi que estava dormindo enquanto esperava ele cair no sono,
mas eis que ele não estava a fim de dormir e, após tomar
uma mamadeira inteira, começou a se remexer no berço,
levantou-se e ficou brincando.
olhava pra mim de vez em quando para se certificar
que eu estava lá mesmo, ou para tentar chamar a minha atenção,
mas eu? nada.
continuava com os olhos cerrados, deixando só uma frestinha.

foi quando ele se levantou no berço, parou de fazer bagunça,
olhou pra mim e chamou duas vezes:

__papaiêe, papaiêee!

aí eu não aguentei! comecei a rir de felicidade
e o peguei para brincarmos feito loucos.
aquele homenzinho de um ano e sete meses
me fez rir e chorar de tanta felicidade!
Deus é bondoso demais da conta!

"no brasil tínhamos samba, sombra e futebol, e aqui?"


a onda era chegar aos estados unidos pelo méxico,
nada de estranho até então.
a ampla fronteira, o clima desértico e a pouca fiscalização
favoreciam a imigração clandestina.

ao chegar nos eua, cansados e esbaforidos,
antes de água,
procurávamos algum bico para fazer,
e serviço era o que não faltava.
sempre tinha alguém para explorar a nossa mão de obra.
muitos nativos mas, também, muitos latinos
e árabes bem sucedidos nos negócios,
já com seus greens cards em mãos.

normalmemte, o imigrante seguia para as grandes metrópoles
mas muitos permaneciam nas pequenas vilas
e cidades rurais, onde a fiscalização era menor.

os mais ousados seguiam até a big apple,
era o sonho de muitos,
inclusive o meu.

em new york existia uma estranha forma de esconder
os imigrantes ilegais.
o sistema era uma parceria entre os traficantes de pessoas
e as lojas de móveis usados.
morávamos em armários e guarda-roupas.
isso era terrível!
mas era a maneira mais segura de fugir da fiscalização.
durante o dia cada um seguia sua vida fazendo bicos,
trabalhando na informalidade, fazendo tudo que o
estadunidense não queria fazer,
ganhando migalhas pelo sonho americano.
só saía do armário quem já estava bem resolvido na vida.

"no brasil tínhamos samba, sombra e futebol, e aqui?"

aqui o terror de não ser amado,
de ser explorado, preso ou
deportado.

tudo tem o seu preço e os sonhos,
por mais loucos que sejam,
também tem preços,
altos e baixos,
mas vale a pena sonhar,
seguir com um propósito,
não desistir jamais.

momento onírico número...
me perdi!