quarta-feira, 31 de outubro de 2007

A vida é uma arte

A vida é uma arte.
Quantas vezes você já ouviu isto?
A Dona Vida prega em nós todo dia uma peça:
de teatro, de roupa, de automóvel.

A ida que nos faz falta,
a vida que nos dá volta.

Nossa vida é uma grande tela:
De um Portinari, de aço, de TV.
Com mistura de cores,
com segredos,
relevos.

A vida que nos falta,
Aída nos dá de volta.

Nossa vida é música:
em qualquer tom, cantamos
em qualquer rítimo, dançamos
mesmo desafinando, entendemo-nos.

sábado, 27 de outubro de 2007

Flor resta?

Floresta amazônica
Floresta atlântica
Flores restam em algum canto
de pássaros e abelhas, mariposas e beija-flores,
todos que as fecundam.

Flor resta?
Flor-de-maio, junho, julho...maio.
Flores restam na natureza
e em outros lugares
e outras primaveras.

Floresta gigante,
floresta da minha vida,
flor que resta em minha mão,
flor que me faz acreditar
no perfume e nos espinhos.

Obrigado!

Apesar das guerras,
restam muitas em minhas terras.
A gente segue os meios caminhos
e as vezes deixa algo para trás.
Nem sempre o que fica é bom
mas nem sempre o que fica é bom,
mas algo me diz que tem sim, algo bom
que está sendo esquecido:
você.

Não se deixe no meio do caminho
e nem deixe os outros para trás.
Andemos juntos: de mãos dadas!

sábado, 20 de outubro de 2007

faro...

faro...
faro...
fá da nota rara...
nó que dá na cara...
farol...
farol...
luz que sai do carro...
carroça sem farol...
luz que esvai da égua...
água que brota nos olhos...
da luz que não brilha mais...
faro...
faro...

bula
de

médio
estória que não acontece...
enquanto a gente não esquece...

sábado, 13 de outubro de 2007

Vendem-se carnes

Vendem-se carnes:
pernas e coxas,
nádegas e peito,
costela e pescoço,
com ou sem osso.

Vermelhas e brancas,
pretas e pardas,
carnes são vendidas
inteiras e moídas.

Coração e fígado,
órgãos vitais!
e coisas viscerais.

Vendem-se enlatados,
embalados e cortados.

Vendem-se, também, carnes animais.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Latões e latidos

Sai da frente
resto animalizado de gente.
Resta-te nada mais agora,
comeste, enfim, todo lixo lá fora.

Latões e latidos,
gatos e gemidos.
Riso de gente que passa
cortando o seu lado da praça.

Míseras migalhas,
comidas com falhas.
Dentes ausentes,
inúmeros presentes:

Uma casca de melancia pela metade,
um croisant que parece de verdade,
um refrigerante choco
e, de chocolate, pouco.

Um tanto bom de arroz ali,
um pedacinho de bife mastigado aqui,
sobrinhas de cebola,
abobrinha e cenoura.

Tomates verdes fritos,
restos mortais de cabritos,
banquetes cheios de solidão
antes que passe nosso ladrão.

domingo, 7 de outubro de 2007

Mero pão
este em minha mão
Esmero pão
este que não me diz não
Espero pão
para não morrer em vão
Vão ainda ver-me, então,
como outra hora são.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Vida de escritor

Amigo, por favor leve essa carta...

vida de escritor...

difícil jornada a caminho da lápide,

do último verso deixado: um epitáfio rimado.



Sagas e mais sagas, epopéias não conseguem

narrar as aventuras, os versos salvos à nado!

Nem dado?

Quem quer o desconhecido?

Só os amantes do desconhecido,

os que têm coragem para experimentar o NOVO,

os que não são guiados pela massa ideológica.



Luta, suor,

Letras, sangue...há uma gota de sangue em cada verso.

sucesso...o que é o sucesso para o libertador de palavras e idéias flutuantes?

Quem leu é quem ganha o ventre livre!



Sempre existirão Jotas e Bes no meio de cada linha

de trem, de tear, de crochê, das mãos, de expressão(ões)...

A lista

A lista dos homens que foram eleitos
para serem poupados das chamas e dos gases,
das pedras e aços,
da humilhação e sofrimentos...

A lista dos homens que pagarão caro por isso,
que ficarão expostos ao fogo mais quente,
que sofrerão coisas ainda piores,
que secarão as gargantas...

O tempo de pertubação ainda não findou.
A cada dia algum extermínio continua
a fazer as vítimas das segundas guerras.
Segundas guerras, segundas intenções.

Esperem a terra tremer

Esperem a terra tremer para mudar
de um lugar rachado para um são
atitudes comuns de gente que só sabe falar
em mudança ao invés de ação.

A terra seca, as águas evaporam,
as folhas caem e não se recompõem
e os cães ladram enquanto a caravana
passa o dia e choram as mães.

esperem o fogo queimar
pois já não temos água para apagar,
mas temos coisar para servirem
de combustível, de combustível, muito combustível.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Boi boi boi, boi da cara preta!


Boi sujo e mal lavado.
Boi malvado.

Boi garantido no poder.
Como isso pode ser?
Porque onde um boi vai, a boiada vai atrás.

Todos sujos e emendados de esgoto
-a céu aberto -
Enquanto atrasam a vida do país.

Boi boi boi, boi da cara preta!
pega essa menina que tem medo de careta...

Em suas notas sujas e frias já estava certo:
Boi vacinado é boi caprichoso! Boi que se cuida e não arreda
o pé da sua vaca mãe que não lhe deixa faltar os cuidados!

Enquanto cortamos caminho do mendigo,
votamos e cercamos de apertos e tapinhas
os homens que nos enganam, nos enrolam,
nos falsificam, nos privam de saúde, educação, comida.

Boi que falta no prato do pobre sobra na mesa azul,
na cadeira azul, tudo azul no poder.

Muitos homens juntos, armam juntos e se defendem juntos!
secretamente, tornam pública mais uma grande pizza no país da feijoada.

Mas...como são lindas as festas folclóricas em nosso país!
Bom saber que nem tudo termina em carnaval!
Temos o Boi Garantido e o Boi Caprichoso pra animar esse povo!
E milhares de pequenos agricultores e pecuaristas que ganham,

honestamente,
o pão de cada dia deles!