quarta-feira, 12 de junho de 2024
__Uai, dizem que em Ribeirão tá bão de serviço...
O quarto estava semelhante a uma cela superlotada mas com a diferença de que ali havia um certo conforto. Janelas arejantes eram a principal diferença.
Quarto para 4 pessoas confortavelmente instaladas e lá estavam quase 30.
Era o começo dos anos 2000 e estávamos a todo vapor com a inauguração recente da Casa Santa Gemma.
Muitos ex-moradores de rua tentando a sorte na Santa Gemma, lugar de dignidade e fraternidade, porque não dizer igualdade e liberdade também?
Estava deitado em um canto e coberto da cabeça aos pés. Os acolhidos não sabiam que eu estava ali, afinal, meu quarto era na capela onde mantinha um tapede forrado aos pés do
altarzinho de Nossa Senhora da Conceição.
Então, aproveitando que estava meio camuflado, comecei a escutar as conversas aleatórias entre eles:
__Cê tava no trecho?
__Nada, tava trabalhando mesmo...
__Que trabalho era?
__Carvoeira.
__Eita lasquera! Trabalho dos inferno!!
__É, e nem recebi! Saí fugido e devendo...ainda bem que o Jack me achou...
__O rapaizim é gente boa né??
__Demais, só estendeu a mão...
Outro entra na prosa:
__Mano, tô na tremura pura!
__Cachaça?
__Pedra! Essa desgraça não me deixa!
__Uai, mas é você que tem que deixar! Tem que ter opinião!
__Até tenho mas você nunca deve ter fumado pedra...
__Pede pro Jack arrumar uma clínica pro cê!
__Cê tá doido?? Não quero ficar preso e rezando ajoelhado!!
__kkkkkkkkkkkk
__Ôoo maluco!
__fala.
__Cê tem o trem?
__Não, aqui não pode...
__Foda...
__Vai correr o trecho?
__Uai, dizem que em Ribeirão tá bão de serviço...
__Vai tá mesmo, tá cheio de feira e
__Rodeio também?
__Ahh vai ter!
__Bora amanhã?
__Bora!
terça-feira, 11 de junho de 2024
Tudo acabou em doce.
Estávamos numa espécie de centro histórico não sei de onde.
Também ninguém soube de onde vieram tantas abelhas para nos picar!
Foi um corre corre! Gente gritando, gente em desepero procurando qualquer lugar para se esconder.
Peguei uma placa de acrílico e saí correndo tentando me proteger.
Ajudei uma senhora que estava sendo consumida por abelhas e senti duas picadas certeiras no pescoço.
__Obrigado seu moço!!
Não foi um vampiro.
Suspiro! Uma porta aberta! Vamos! Gritei.
Entramos e era um grande restaurante, estava cheio mas os únicos que chegaram fugindo de um enxame foi eu e a senhorinha,
coitada, toda inchada.
Fomos caminhando ofegantemente até uma mesa livre, logo ali, na mesa ao lado, um homem degustava uma iguaria banhada com mel puro.
Assustei.
Do outro lado um casal em lua de mel!
Ah! E como entrada pão de mel!
Tudo acabou em doce.
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