quinta-feira, 22 de outubro de 2015

e na orelha esquerda um ramo de arruda...


minha água demonstra ansiedade
em todos os cantos dessa cidade.
aliás, a cidade está pequena.
faltam fornecedores, falta fôlego,
faltam unhas de porcelana.
os dias passam velozes e furiosos,
mas passam, ao mesmo tempo,
serenos.
seremos um!
as rotinas se misturarão
e nossas roupas sujas também.
aliás, lavaremos roupas sujas só em casa!
não temos hábito de brigas e escândalos
em praças públicas,
de vez em quando em lugares fechados.
não! brigas não! só escândalos!

uma lista tremenda desponta de nossos bolsos.
convites para entregar,
cadeiras para cobrar,
comidas para comprar,
músicas para tocar.
seguimos, às vezes,
a trajetória de uma bala perdida que encontra alguém na rua,
daí, pedimos ajuda.
ufa!
um pouco de água com açúcar
e na orelha esquerda um ramo de arruda...
__arruda? pra quê? isso é superstição!!
__não é nada...tô sem bolso! só um chá de arruda com boldo...
dizem que faz bem pro coração...
__isso é lenda!
__você está linda!
__sabe de uma coisa?
__o quê?
__você é bonito!

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