quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

é pau, é pedra, é o fim do caminho.


a cidade é um queijo.
mas não um queijo mineiro,
um suíço, com todo capricho e fermentação necessários.
a cidade é a lua que,
com suas crateras intransitáveis,
só pulando mesmo.
a cidade é uma borracharia,
é uma oficina gigante,
é pau, é pedra, é o fim do caminho.
(que me perdoe o jobim...)
a cidade é uberlândia,
perdida no triângulo das bermudas estampadas mineiras.
o asfalto de péssima qualidade,
os buraquinhos que não foram tratados antes,
a crise causada por uma má gestão,
uma gestão indigesta.
agora, o que nos resta,
é o lamento pela morte do carteiro,
atropelado por um caminhão do sedex,
jogado para estas rodas por causa de um buraco
numa avenida importante do centro da cidade.
descanse em paz geraldo magela pinto,
quem te matou foram os outros.

o prefeito jogou a toalha.
pediu férias e mandou, junto, um pedido de desculpas.
que bela falha.
a cidade não pede férias,
não pede descanso.
são muitos problemas para serem abandonados assim
por quem deveria estar plenamente empenhado em resolvê-los.
não...o capitão não abandona seu navio
enquanto todo os tripulantes e passageiros não estiverem
a salvo.

"Se um empregado não tirar suas férias o órgão público é obrigado a pagar em dobro todos esses dias que deveriam ter sido concedidos e como acabo sendo responsável por esses dois papéis, cabe a mim garantir que o município não tenha que pagar essa multa trabalhista."

nunca na história dessa esplendorosa cidade,
nem depois das piores enchentes da rondon,
as ruas ficaram por tanto tempo ostentando buracos.
que a chuva isso, que a chuva aquilo...
as reclamações começaram antes da situação ficar caótica.
se bem que, de buraco em buraco, a gente segue
quebrando carros e pernas,
mas sem saúde não dá nem pra sair do lugar.
faltam medicamentos importantes na rede pública,
faltam médicos, faltam copinhos para coleta de escarro.
isso tudo virou clichê.
o que aconteceu com essa cidade?
o que aconteceu com você?
um deputado atuante da base governista?

nunca o mato foi tão imponente!
nunca se cobrou tanto da população para que tivessem
suas calçadas limpas e cozinhas impecáveis!
nunca se distribuiu tantas notificações e multas,
nunca havíamos visto um sistema de zona azul
tão absurdo e que, provavelmente,
sucumbirá com uma legítima improbidade administrativa.
nunca se viu tanta desordem nos prédios públicos,
nunca na história dessa majestosa cidade
se viu tanta dança nas cadeiras públicas,
tantos rachas políticos,
tanta mentira.
num magnífico conhecimento de causa,
o secretário municipal de obras
disse em uma entrevista em rede nacional:
"é melhor que os espantalhos continuem sinalizando os buracos".
é o fim do caminho.


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