ninguém quis arriscar a vida por um cadeirante.

estávamos num lounge de um clube
quando, no céu, vários pássaros voavam para um mesmo rumo.
o interessante é que, cada grupinho de pássaros,
eram de espécies diferentes.
e o mais legal ainda é que todos os pequenos grupos
traziam entre si filhotes que estavam aprendendo a voar,
e era interessante a maneira com que os adultos
incentivavam os filhotes a voar.
cercavam, puxavam com o bico, criavam um vácuo,
tudo para que seus pequenos não se cansassem tanto na viagem.
fiquei admirado!
era uma imagem surrealista,linda!
pareciam seguir para arca de noé!
o céu estava colorido!
famílias de araras, canários,patativas, pardais,
pombas,tucanos...todos viajando em grupos
próximos e com seus filhotinhos!

assim que o espetáculo acabou
soprou sobre nós um vento forte...
eram redemoinhos de...purpurina!!
que coisa louca!
de onde veio tanta purpurina??
as coisas todas brilhavam!
logo após vieram redemoinhos prateados,
fazendo o mesmo efeito visual
que vemos nas festas com a chuva de prata.
o vento ficou mais forte e começou a nos assustar.
purpurinas e pratas se acabaram
e uma chuva com vento fortíssima despencou rápida.
logo, uma grande enxurrada começou a tomar conta do lugar.
todos correram para o segundo andar de um sobrado.
o lugar parecia que ia ficar inundado.
na correria, passamos por um cadeirante
que não conseguia subir as escadas.
egoistamente, ninguém quis ajudar aquele pobre homem.
até eu passei por ele correndo.
estávamos com medo.
nos juntamos no andar de cima e minha consciência pesou.
tenho que voltar para buscar o cadeirante.
a água estava subindo rapidamente.
tensão total.
desci as escadas desacompanhado.
ninguém quis arriscar a vida por um cadeirante.
embaixo, algo estranho acontecia:
uma das salas do térreo estava lotada de sacos de cimento,
e o contato com a água começou a fazer uma massa que estava,
literalmente, concretando tudo,
principalmente, a passagem para a parte de cima.
gritei para o pessoal descer pois iriam todos ficar presos.
não me ouviram.
consegui arrastar o cadeirante para um lugar seguro,
de onde assistíamos, sem ação,
os amigos serem concretados vivos.
depois dessa fuzarca toda,
não me recordo de mais nada.
nem de um outro sonho que tive logo depois,
no qual fui tomado por uma ideia genial,
um daqueles momentos que dizemos...
__é isso!!!
uma ideia que me faria um empresário de sucesso,
algo que todos gostariam e seria fabricado
em larga escala.
eu seria bilionário!!!
mas...só se me lembrasse que ideia genial foi essa.
quando acordei,
me lembrei de cada detalhe do sonho dos pássaros e das purpurinas,
que não era apenas o voar,
era a família, o arrependimento, a compaixão, o castigo (?)...
mas e da ideia fantástica?
nada!
a única coisa que me lembro é que, com ela, eu ficaria rico!
e até palpitação eu tive!

se são reflexos do dia,
recebi uma mensagem pela manhã que dizia:
"não acumulem para vocês tesouros na terra,
onde a traça e a ferrugem destroem
e onde os ladrões arrombam e furtam".

acho que posso voltar a dormir e acordar renovado.