sábado, 25 de fevereiro de 2017

ninguém imaginava que um dia o estado islâmico chegaria ao triângulo mineiro.


fomos levados para um ginásio,
creio que pode ser até o sabiazinho.
nos colocaram em fila,
uma gigantesca fila.
o melhor desse momento é que minha amada mãe
estava logo à minha frente e, apesar do clima
de tensão e medo, eu estava alegre
em poder abraçá-la e beijá-la.

enquanto a fila seguia em passos curtos,
alguns soldados encapuzados ditavam normas
para que continuássemos vivos:
__cada um tem direito a um item alimentício!
se, por acaso, houver desperdício, a gente mata!
outro encapuzado,armado com um fuzil gigante, gritou:
__não queremos saber de gracinha aqui não!! nem tentem fugir!
tudo está cercado! qualquer atitude suspeita é tiro!

a situação era de pleno pavor.
nessa hora não existiam ricos ou pobres,
católicos ou judeus,
pretos ou brancos,
héteros ou gays,
todos nós compúnhamos uma única grande fila de puro terror.
reafirmo: mesmo em meio às ameaças não conseguia disfarçar minha alegria
de estar na boa companhia da minha amada mãe natureza!
reza a lenda (e as realidades!) que, quando estamos em perigo,
chamamos a mãe.
ela estava lá!
e era a minha proteção, meu porto, meus olhos e pés.

ninguém imaginava que um dia o estado islâmico chegaria ao triângulo mineiro.
pois é... chegou!
e nós estávamos à mercê daqueles caras malucos,
revestidos de máscaras que não eram de carnaval,
tomados por um ódio lavado em cérebros débeis,
fingindo serem os bons,
quebrando tudo,
matando facilmente.
o califado chegou aqui.
como assim?
foi culpa do temer ou do trump?

um amigo meu, amigo de infância que não via há muito tempo,
apareceu agitado e desobedecendo ordens.
saía da fila e corria entre as pessoas gritando coisas incompreensíveis.
parecia drogado.
bom, me lembro que ele mexia com drogas na época de adolescência
mas pensei que já estava curado do vício.
que nada!
os soldados advertiam e nada!
meu amigo pulou a cerca e apenas ouvimos os tiros.
nada de coisas incompreensíveis.

bom, chegamos no fim da fila.
era o almoço.
cada um pegava um bandejão
e colocava a comida sobre a bandeja.
não tinha pratos ou talheres.
coloquei uma concha de arroz com brócolis
e não quis me servir da carne de panela.
não como carne.
tinha também misto quente, feijão e macarrão.
estava sem fome e, com medo de deixar sobrar,
servi-me só de arroz.
era difícil equilibrar-se para pegar a comida,
estava tudo nas arquibancadas.
estranho como tudo nesse momento onírico.

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