quinta-feira, 22 de junho de 2017

que as vítimas repousem no frescor de Deus


a fumaça escureceu o céu.
um vento de apocalipse cercou todos os viventes.
onde há fumaça, há fogo.
primeiro, um calor insuportável,
depois, as labaredas roçando os tetos e janelas das casas,
os carros na estrada.
algumas pessoas entraram em seus carros
para fugir do fogo.
não dá pra fazer mais nada.
o fogo estava em todo lugar.
a fumaça impedia a visibilidade,
mas, pior, não deixava respirar.
alguns saíram de seus carros
e correram para lugar nenhum.
17 corpos foram encontrados queimados no meio da rua,
outros carbonizados
dentro dos automóveis.
um incêndio florestal de proporções alarmantes
e incontroláveis.
uma tragédia.
as histórias de sobreviventes impressionam:

um grupo de pessoas entrou numa casa e,
deitados no chão, ardiam com o calor,
tremiam de medo.
e permaneceram assim até que o pior passasse.
tiveram sorte.
as casas ao lado estavam em migalhas.
apenas esta se manteve.

12 pessoas se salvaram porque entraram
numa caixa d´agua e ali ficaram se protegendo do calor infernal.

na esperança de salvar seus filhos das chamas que cercavam tudo,
a mãe pegou as duas crianças, entrou no carro
e seguiu.
o pai ficou próximo à casa.
nem me pergunte o porquê de o pai não ter ido.
mãe e filhos morreram na fuga,
o pai sobreviveu e
vai sofrer muito mais que qualquer grau de queimadura.

muitas histórias certamente virão à tona.
portugal se estremeceu com esse drama.
que as vítimas repousem no frescor de Deus.


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