
o galo do vizinho mora aos fundos,
e, no silêncio da madrugada, escancarado,
ele canta feito um louco o seu hino.
antes ficasse calado.
que galo é esse, covarde?
canta sem noção
sempre os mesmos acordes
desafinado e rouco.
galo tem que tá é na roça,
num cercado para ele reservado
e não aqui, colado,
no meio da cidade.
mal termina um cocoricó
e já dispara outro,
quase engolindo o fôlego
em desespero.
será que esse bicho não tem dó?
mi,fá sustenido, um bemol esquisito,
semitons, desencontros e o bicudo
segue trôpego,
com as vistas escurecidas.
será mal da idade?
seu alan e dona neusa,
que tal se o levarmos para fora dessa cidade?
se a função é o coito com as galinhas,
trazer-lhes-ei duas dúzias de ovos em promoção.
a produção está em alta e os preços caindo.
vamos! coloque o tempero no prato que já estou indo!
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