sábado, 30 de outubro de 2021

Três em uma noite

Abri aquele livro enorme e pesado e dele saiu um escorpião. Meu susto foi tremendo pois, se tem bicho que temo, é esse. Quando ele caiu, tentei esmagá-lo na sola do pé, o artrópode parecia calejado pois não tinha o ferrão. Pisei várias vezes mas o bicho não morria. Vê se pode? Estávamos num bosque e as folhas serviam de proteção, para tudo tem explicação. Dei um chute e ele voou acertando o calcanhar da minha mãe. Ela nem viu. __Me ajuda aqui! Tô quase perdendo o escorpião! Gritei por ajuda e um amigo também chutou o bichinho indesejável. As ruas do campus eram de terra batida, toda desnivelada e com buracos. __Gente, choveu? __Não, sempre foi assim. __Poxa...uma instituição que trabalha com a ciência, com pesquisas e não consegue, sequer, asfaltar as ruas da universidade? __Deve ser o corte. __Bora que vai começar o racha! A geladeira branca, modelo quadradão, funcionava aos trancos e barrancos. A fome apertou e fui caçar algo para comer. Abri a porta e um monte de coisa saltou de dentro dela: alfaces queimadas e ovos (um ovo se quebrou no mesmo lugar onde jaziam outras cascas) foram os primeiros, depois um jarro com resto de suco de caju caiu, despejando o liquído no fundo da gaveta de verduras. Não tinha espaço pra mais nada. O calor que brotava era insuportável e o odor beirava o Tietê. Vou contar pra você: Perdi a fome.

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