sexta-feira, 15 de julho de 2016

um caminhão matou dezenas de pessoas.


o caos está instalado.
um caminhão matou dezenas de pessoas.
eram pessoas de fé que passaram o dia em jejum.
saíram na noite de sábado, dois de julho,
para comer fora com toda família.
é um hábito antigo durante o ramadã,
o nono mês do calendário muçulmano,
é o mês do jejum, um dos pilares do islam.
famílias inteiras foram dizimadas.
foi um atentado terrorista num país já assolado
pelo terror fratricida.
agora o caminhão bomba foi obra do cão
enfurecido do estado islâmico.
a maioria das vítimas estavam numa sorveteria,
a mais famosa de bagdá.
ninguém cogitava ação assim,
tão desrespeitosa.
teoricamente,
nem o estado islâmico ousaria
afrontar o ramadã.
mas...o que se esperar do amanhã?
mais bombas!
outro atentado tremeu bagdá no domingo, três de julho,
bem cedo.
mais vítimas agonizaram a dor do terror.
o fato é que quase 300 pessoas morreram nesses atentados
articulados pelo estado islâmico,
numa represália pelas derrotas sofridas nos últimos dias.
o governo iraquiano retomou o controle de faluja,
uma das cidades que estavam dominadas pelos terroristas
até uma semana antes dos atentados.
muita gente morreu queimada pelo gigantesco incêndio
no sábado, muitos foram soterrados pelos escombros.
foi algo abominável, triste, comovente.
mas foi lá, no oriente médio.
lugar onde o hábito é decapitar cabeças
e punir com rigor o ladrão de feira.
lugar distante dos holofotes ocidentais.
iraque...bagdá...até pouco tempo
era território americano.
os iraquianos que perderam suas vidas
não causaram a mesma comoção
que sentimos com as vítimas do terror na frança,
na bélgica ou nos estados unidos.
a imprensa não bomba a notícia
porque tanto faz um muçulmano a menos no mundo.
e qual a novidade nisso tudo?
bombas e mortes cruéis são comuns dois coqueiros antes
ou depois de bagdá.
e qual a importância para nós, ocidentais civilizados
(acidentados!), saber a diferença entre xiitas e sunitas?
enfim, nada parece ser tão significativo
que também não faz sentido entrarmos no luto,
iluminar monumentos e prédios públicos com as cores
da bandeira iraquiana, mudar a foto do perfil
ou chorar repetidamente durante as matérias jornalísticas
que exploram a fundo esse vale de lágrimas.
um outro caminhão matou dezenas de pessoas
na bela cidade de nice, sul da frança.
era o 14 de julho,
a comemoração do dia da bastilha,
uma das datas cívicas mais importantes para os franceses.
este atentado nos comoverá bem mais que os mortos em bagdá,
mas, no final dessa história macabra que cerca a humanidade
seremos todos iguais.



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