domingo, 22 de novembro de 2020

chorei feito cachorrinho sem rumo!

eu estava em frente à minha antiga casa, a casa da minha infância. um canteiro com grama baixa era o nosso campinho de futebol. a gente se divertia todo dia, numa corrida louca atrás da bola. num dado momento, os brinquedos da minha infância começaram a passar por mim, eram arrastados numa espécie de trenzinho. cada brinquedo que passava eu suspirava: pratinhos de plástico, muitos, de vários formatos e tamanhos, talheres descartáveis, alguns quebrados e outros ainda embrulhados num guardanapo. manguinhas e abacatinhos espetados com palitos de fósforo e, por fim, o mais querido: um fusca branco, todo equipado e com meu nome escrito nas laterais e no teto. jefferson. a letra era bem infantil. como passei toda a minha infância numa casa dentro da área do aeroporto da cidade, tinha acesso ao lixo, bastando, para isso, apenas pular a cerca de arame que separava o quintal da minha casa da área de segurança. no lixo encontrava de tudo, e o que eu mais gostava era dos restos de lanches do serviço de bordo da varig, meu Deus, quanto luxo! levava tudo pra casa, onde separava o que ainda poderia ser consumido do que seria servido para nossas galinhas. os pratinhos e talheres fazim a nossa diversão. nossa casa tinha um quintal enorme, com 5 mangueiras e 3 abacateiros, além de um pé de tamarindo. as frutinhas que caiam com a ventania
a gente pegava e fazia bichinhos com elas, criávamos nas nossas fazendas imaginárias. pensa numa diversão garantida! o fuscão foi presente de uma tia e chegou pelo correio, ele era lindo! tinha bagageiro e grades de proteção na frente, além de um estepe na parte traseira. era o carro do fazendeiro. éramos 8 irmãos, sendo 5 homens e 3 mulheres. brigas? muitas! mas as brincadeiras superavam as encrencas. não me recordo quem escreveu o meu nome no carrinho, mas era questão de posse. a casa era cedida para nossa família até que meu pai se aposentasse no serviço público, portanto, assim que saímos, o imóvel ficou abandonado por anos, depois, foi demolido, por fim, todas as lindas árvores foram cortadas. hoje existe um nada onde correu tanta história. o tempo voa... que lindo momento onírico! essas coisas já estavam esquecidas na minha cabeça e, de repente, voltam enquanto durmo. chorei feito cachorrinho sem rumo!

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