terça-feira, 3 de junho de 2014

fim do primeiro tempo.


o frio é estarrecedor
e em são paulo vem com garoa.
as crianças que cheiram solventes também se cansam,
e encontram colo na saída de ar do metrô.
ali se amontoam e vão ficando.
o ar quente que sobe à superfície é um deleite.
a calçada desenhando os contornos do estado
não nos deixam dúvidas:
o santo é paulo
e o estado é grave.

a cena o italiano, especialista em sorvetes,
oliviero pluviano,
não deixou escapar.
nem haveria de se preocupar:
todo dia, toda hora, sempre tem gente ali,
daquele jeito.
ah...mas dói no peito
serem assim,
crianças.

aquela sensação de euforia e dor
passam nos primeiros minutos de calor.
a vida não tem sido muito boa...
nem as famílias.
(família? que família??)
os governantes estão cuidando dos gramados
e nada a ver com os que estão jogados.

fim do primeiro tempo.
nada mudou.
fim de jogo.
apito final.
nada,
nada mesmo mudou.
fim da vida.
partiu dessa para melhor,
com a licença do eufemismo,
sorriu agora o menino.

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