segunda-feira, 2 de março de 2015

aquele arco-íris pelo qual ele se apaixonou estava incompleto.


Deus faz maravilhas e às vezes nos pegamos contemplando essas belezas.
mesmo com toda correria da vida, tem coisas que não passam despercebidas aos olhos mais sensíveis:
as majestosas árvores, as flores, o voo dos pássaros, um arco-íris.
aaah...o arco-íris...como é lindo!
as cores todas flutuando no céu...
é a aliança feita por Deus com seu povo!
é o rastro de íris!
é o mensageiro divino na cultura yorubá!
é tudo isso e muito mais! é lindo, é belo, nem dá pra falar!
a física explica a existência
mas nunca conseguirá entender o que um arco-íris faz no coração de cada um.

essa beleza maravilhosa, estonteante das coisas da natureza fez o cabeleireiro
adriano figueiredo ramos parar o carro, descer e fotografar.

adriano e a esposa saíram para comprar um bolo de aniversário para filha mais velha.
era o dia 18 de fevereiro de 2014, uma tarde de terça-feira.
quando passavam pela ponte do largo da ideia em são gonçalo, rio de janeiro,
adriano viu um arco-íris e quis parar para registrar aquela beleza toda.
sua esposa pediu para que ele não parasse,
mas ele não se continha: queria guardar aquela imagem
que coloria o céu.

adriano era um cara muito colorido
e às vezes pensavam que ele era gay.
as roupas da moda e cintos coloridos
eram ócios do ofício.
adriano atendia gente da periferia
e celebridades.
era muito procurado por ter mãos que faziam milagres.

desceu do carro e fez a foto.
pronto! tinha a beleza daquele momento para sempre guardada.
ao entrar no carro e dá a partida, dois homens apareceram com arma em punho
dizendo:
__perdeu! perdeu!
mal sabiam os dois sujeitos que eles mesmos eram os grandes derrotados...

dispararam várias vezes contra o casal.
adriano foi atingido letalmente.
dirigiu alguns metros e, pedindo socorro,
morreu.

aquele arco-íris pelo qual ele se apaixonou estava incompleto.
a alma iluminada e colorida subiu para fechar o ângulo
e chegar, finalmente, ao tesouro escondido.

um ano e pouco depois, recebo de doação algumas peças de roupa.
eram para se juntar a tantas outras e serem vendidas num bazar beneficente.
eram roupas do cabeleireiro colorido.
viajaram do rio para o triângulo mineiro
para fazer bem aos mais carentes e excluídos da nossa sociedade,
os moradores de rua.
o mundo é pequeno e vive dando voltas.
obrigado adriano.
que sua luz siga iluminando de maneira colorida
a vida de quem segue sem a sua presença na carne,
apenas espiritual,
apenas céu.
obrigado.




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