domingo, 28 de fevereiro de 2021

Isso não é sobre se anular como pessoa

Charge de João Montanaro Tenho muitos amigos e isso me é muito caro. Preservar amizades antigas e ainda fazer novos amigos é um presente para minha existência. A polarização política que embaçou as relações no Brasil nos últimos anos afetou todo mundo, e eu me incluo no mundo em questão. Para evitar maus momentos, evito discussões políticas com algumas pessoas do meu círculo de amizade e família, prefiro concordar rapidamente (mesmo que na minha mente, minto). "Bolsonaro é um grande defensor da família!", sim, é verdade. "Essa epidemia é coisa criada pelos comunistas chineses para dominar o mundo!", com certeza! "A cloroquina salva vidas! Se todos fizessem o tratamento precoce conforme orienta o nosso presidente, isso não estaria acontecendo!" É mesmo. "A Campanha da Fraternidade de 2021 é uma afronta à Igreja Católica!" Pois é né. E por aí vai. Às vezes, estender uma discussão só causará mal estar e rachaduras no relacionamento, portanto, mude de assunto. Converse sobre as condições climáticas, sobre o cultivo de orquídeas, sobre aquele filme romântico ou, no máximo, sobre futebol. Religião? Não! Nem pensar! Isso não é sobre se anular como pessoa, isso é semear paciência e misericórdia, essas atitudes te fazem uma pessoa melhor.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

A primeira dose a gente nunca esquece.

A primeira dose a gente nunca esquece. E a primeira dose foi numa enfermeira de 54 anos que atua na linha de frente no combate ao novo coronavírus desde o início da pandemia, a senhora Mônica Calazans. Parabéns Mônica! Que você e toda a sua turma sejam imunizados urgentemente! Que tenham a esperança de novas manhãs! Vocês são a grande referência de amor à pátria nesses tempos difíceis. Somos todos muito gratos a cada profissional da saúde que, em muitos casos, pagaram com a própria vida nessa luta. Vocês devem ser amados e respeitados, jamais odiados. Tá, é certo que todos nós temos uma história de conflito em algum hospital por aí, mas o tempo é outro: tempo de perdoar, amar, unir forças e vencermos, juntos, a grande ameaça que cerca a humanidade! No Brasil, de modo especial, a grande ameaça que exaspera fagulhas de pólvora e saliva contaminada está na cadeira presidencial. O nosso Presidente da República negou a ciência, quis politizar a ANVISA, sabotou todas as medidas de prevenção contra o contágio viral, comprou toneladas de cloroquina, alucinou tanto que inventaram até o ozônio anal. Foi mais longe e passou a vida incentivando o tal do tratamento precoce. Nem tratamento precoce, nem banho de mar: as únicas garantias eram (e ainda são) o distanciamento social, higienização das mãos, dos lugares, dos objetos e o uso de máscaras. Pode ser aqui, do Guarani ao Morumbi, pode ser do Leme ao Pontal ou do Oiapoque ao Chuí. Mas... e o presidente? __ E daí? A coletiva da ANVISA foi um show à parte. Cada diretor decidiu ser, de fato, cientista. Declararam, de modo incisivo, que não existe tratamento precoce e que não podemos contar com a sorte. Todos chutaram para além mar o balde das quinas, tinas, dos feijões santos e dos lencinhos sagrados. Declamaram, em cadeia nacional, um poema de amor à ciência, despachando a tosse e o tratamento precoce. NÃO EXISTE OUTRA SAÍDA! Nesse momento, só temos a vacina. Apesar dos conspiradores, do nanochip, da nova ordem mundial etc e tal, não existe mais nada contra essa doença que já se provou ser fatal. O grande debate, agora, é a obrigatoriedade. Nesse ponto, creio que o país pode seguir sendo referência mundial em campanhas de vacinação. Que sejam feitas as campanhas e que, quem quiser, que se apresente para levar a picada. Os negacionistas que se entendam com o vírus. Não acredito que o número de negacionistas seja tão grande ao ponto de interferir no sucesso da vacinação. Talvez se o presidente der o bracinho à torcer e protagonizar uma cena fantástica, tenhamos uma adesão geral. Seria uma ótima alternativa para combater o Dória, seu principal adversário político. Aliás, falando em Dória, este soube aproveitar ao máximo o palco dessa tragédia. Cada fala, cada gesto, cada uma das coletivas, em tudo soube fazer sua campanha no intuito de substituir o Bolsonaro em Brasília. Não voto na turma do Aécio, mas que a resposta do Dória ao Pazuello foi uma mitada, isso foi. Foi um coice! Era pra ser pro presidente mas, como bom covarde, não apareceu ontem a tarde. Que venha logo a minha vacina! Aoooooo vontade de levar essa agulhada!

domingo, 17 de janeiro de 2021

Quem tem ouvidos, que ouça, que grave, que se lembre dessas palavras infames.

Notícias do rádio! Em entrevista à Jovem Pan, ele disse que "não tem por que ter esse trauma todo apenas preocupado com a Covid". Ao relativizar a pandemia, o presidente argumentou que o lockdown e o isolamento social causam "muito mais morte (sic)" do que o vírus. "Esse lockdown, esse isolamento causa muito mais morte (sic), por depressão, por suicídio, por falta de emprego lá na frente do que a própria pandemia em si. Eu não tenho aqui os dados, o número de mortes por tipo de doença. A Covid tá mais lá embaixo. Então não tem por que ter esse trauma todo apenas preocupado com a Covid", declarou o presidente, em entrevista ao programa "Os Pingos nos Is", da Jovem Pan. Quem tem ouvidos, que ouça, que grave, que se lembre dessas palavras infames. Seu voto poderá transformar este cenário macabro, de desprezo pela vida e de total inércia diante do grave problema causado pela pandemia no Brasil: a falta de empatia.

a ilha das fantasias insanas!

No dia D, na hora H, a gente vai se encontrar prá modi a gente se amá. Não espera mais, não sofra minhas demoras, eu quero é paz e por isso vou dos EUA à China, onde estiver a vacina, lá estarei, menina! Essa fumaça sem graça que sai de Brasília, como se lá fosse uma ilha: a ilha das fantasias insanas! Brota das janelas fumaça e neblina, uma mistura de óleo diesel com purpurina, um verdadeiro carnaval de direita, uma carnificina. O Tatu aparece com seu jeito meigo enquanto o patrão, todo esnobe, faz mandinga para os pobres. Nas redes sociais posta fotos como se todos fossem iguais, após milhares de likes, desfaz a mesa e pede algo robusto pelo cartão corporativo. E o cartãozinho de vacina? Já está anotado: Primeira dose da pfizer tomada no dia da liberação nos EUA. Sigilo garantido! As verdadeiras fotos jamais serão postadas.

domingo, 10 de janeiro de 2021

Na lista de afazeres constava jogar pecinhas azuis no lixo.

Na lista de afazeres constava jogar pecinhas azuis no lixo. Para quê tanto capricho? Não faça isso! Estas pecinhas azuis são raras, persistem mais que outras para um mundo mais azul. Tá tudo azul!

A culpa é do Pazuello

Charge by Aroeira A culpa é do Pazuello. Alguém duvida disso? Coitado do Pazuello, como bom general, recebe, caladinho, as ordens do capitão e se lasca todo mas... não larga o osso. Quando estiver lá, bem no fundo do poço, ainda ouvirá do Bolsonaro: cala a boca p#%%@! Tristeza pouca para tantas mortes, que esse governo acabe numa masmorra! País onde o Ministério da Saúde é o pária de todo médico, onde as cabeças batem mais que bezouro na lua. Sim: estamos todos no mundo da lua, sendo o sol da Terra e o satélite de outro planeta, descoberto pelo desbravador e astrólogo Olavo de Carvalho, a bela Terra Plana. A cloroquina sobrou? Culpa do Pazuello. A vacinação atrasou? Culpa do Pazuello. Vazou um nude do cartão de vacinação do Jair em 2050? Culpa do Pazuello. Quebrou a Riachuelo? Culpa do Pazuello. Erraram no corte do cabelo? Culpa do Pazuello. De êllo em êllo a gente faz esse apelo: culpem o verdadeiro protagonista dessa tragédia toda! Jair Messias Bolsonaro. Sigamos firmes para que, em 2022, estejamos livres das pragas e dos vírus que habitam o magestoso Palácio do Planalto. Jamais pense baixo, com o seu voto, você poderá tirar este país desse mato. Mirem-se no exemplo das mulheres (e dos homens) dos EUA, que despacharam o insólito Trump. Façamos como o Twitter: banned forever.

domingo, 3 de janeiro de 2021

uma filha, uma irmã, nunca uma escrava.

Naquela manhã de 1982 na pequena São Miguel da Anta, Minas Gerais, uma garotinha faminta bateu à porta de Dona Gracinha em busca de um pão. De cara, não recebeu um não, mas algo mais que pão. A Dona Gracinha era uma professora muito querida na cidade, inclusive, dona de uma escola. Ela fitou aquela menininha e viu que ela tinha potencial, não para galgar os degraus da educação, mas para lavar os degraus da sua casa. A menina se chamava Madalena, bem franzina e pequena, cuja mãe tinha mais uma renca de filhos. Dona Gracinha ofereceu ajuda à mãe de Madalena, prometendo cuidar como se sua filha fosse. Aquela senhora, querendo o melhor para filha, aceitou a proposta e deixou a pequena na casa dos Milagres Rigueira. Na hora de ir para escola sua nova mãe disse que ela não precisava mais estudar pois já era uma mocinha. É engraçado: uma professora desprezar os estudos de uma criança. Tirar os estudos da Madalena foi o grande e principal crime. O opressor sempre sabe que uma pessoa que estuda vai conhecer seus direitos e vai lutar por eles. De 1982 a 2006, Madalena viveu sem escola, sem brincar, sem se socializar. Ela vivia presa às vontades de Dona Gracinha. Lavava, cozinhava, passava, fritava, molhava... fazia todos os serviços domésticos. Como recompensa, não tinha nada: nem dinheiro, nem carinho, nem conforto. Absolutamente, nenhum luxo, nenhuma diversão, faltavavam-lhe, apenas, os grilhões. Madalena cresceu sem viver as fases da vida, parou na fase onde ela era escravizada por uma família repleta de boas intenções, tipo o inferno. Enquanto Madalena teve seus estudos cancelados, um dos filhos de Dona Gracinha chegou ao doutorado. Naquele ano de 2006, o esposo de Dona Gracinha estava fatigado da presença da Madalena, deu pra pegar no pé da coitada. Para preservar o humor e a saúde mental do Senhor Vanir Rigueira, Madalena foi dada ao filho, Dalton César Milagres Rigueira, que, naquele ano, fora contratado por uma faculdade particular na cidade de Patos de Minas. E lá se foi Madalena, para bem longe de sua família biológica e também da sua "mãe de coração" (ruim). Em Patos, Madalena passou a viver num quartinho abafado em um condomínio chique. Em 2001, após um plano infalível de sua futura nova dona, casou-se com o tio de Valdirene Rigueira, ex-combatente das forças armadas brasileira, com duas aposentadorias. Pouco depois, o ancião morreu sem nunca ter vivido como marido ao lado de Madalena. A partir de então, Valdirene passou a administrar a pensão repassada para Madalena, coisa de uns 8.000 reais mensais, dos quais repassava entre 50 e 200 por mês para a verdadeira dona. Que crime é esse? Apropriação indébita. Madalena viveu como escrava até que alguns vizinhos denunciaram o caso ao Ministério Público do Trabalho. Recebeu sua alforria em novembro de 2020, mas nada fará voltar o tempo perdido durante essa malvada estada de escrava numa casa de família. O interessante é que os Milagres Rigueira usam o argumento de que ela era parte da família, uma filha, uma irmã, nunca uma escrava. Em sua dedicatória de doutorado, o professor Dalton agradeceu a todos de sua casa e, de modo especial, aos suínos (objeto de sua tese). Em nenhum momento surge o nome Madalena. Madalena nunca existiu como ser humano para esta família, era uma coisa, só isso. Que você volte a sorrir, Madalena! que compre as bonecas que quiser, que compre as roupas que quiser! Que seja feliz! E que seus agressores sejam punidos. Se você desconfia de alguma família bondosa que, por acaso, esteja ajudando uma criança, joven ou adulto nas mesmas condições do caso Madalena, denuncie! Omissão também é crime. Não importa quanto tempo passou, escravidão não prescreve. Denuncie!

sábado, 2 de janeiro de 2021

Eu nado, tu nadas, ele? NADA.

A praia era a Grande: Grande Merda era o nome do evento. Uma grandiosa aglomeração marcada para começar o primeiro dia do ano e celebrar o Dia Mundial da Confraternização e, de quebra, continuar dando força para o vírus da COVID-19. Nem 20, nem 21, 19. Atrasados, sem começar uma vacinação, o país dá o ponta pé no 21 batendo na casa das 200.000 vítimas dessa doença desconhecida. Bolsonaro, o Presidente do Brasil, ficou sabendo da festinha estranha com gentes esquisitas e ainda descobriu que eram seus apoiadores. Não deu outra: quis juntar-se ao bosteiro. De seu barco, deu um mergulho certeiro. Ao cair de ponta na água, todos ouviram um barulho de descarga. Os seguranças molharam suas armas para satisfazer mais uma sandice do chefe e nadaram afoitos para acompanhar o atleta do Planalto. Os bolsonaristas ficaram em polvorosa, gritavam, mijavam, batiam forte nas águas do mar, dando forma, cor e cheiro à segunda onda. Após a patética e asquerosa cena, (tudo que não precisávamos para este começo de ano) o presidente sai, molhadinho, aos gritos de mito. As imagens correram o mundo e agora todos sabem que o nosso presidente sabe nadar, inclusive, melhor que o Putin, que já começou a vacinar os russos né? Eu nado, tu nadas, ele? NADA. Que nojo de todas as águas do Oceano Atlântico.

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

TODOS OS PECADOS CAPITAIS.

(Photo by Eduardo Matysiak) O tempo parou nesse país e já estamos chegando no lastimável número de 200.000 mortos pela COVID-19. Vários países já começaram a vacinar seus cidadãos, mas, em países pobres isso não foi nem aventado. O Brasil é um país rico (em desigualdades) mas é governado por um presidente fora da curva, de qualquer curva, exceto, da curva de mortos pelo novo coronavírus. Neste caso em específico, o presidente responderá, severamente, pelos absurdos que cometeu e tem cometido. Enquanto todos tentam chegar em uma saída, ele insiste num labirinto politiqueiro e asqueroso, limpando cacas do nariz na constituição, babando no prato dos famintos e servindo a essência do que tem de pior: TODOS OS PECADOS CAPITAIS. Famílias sendo dilaceradas para sempre, mas o nobre presidente segue com suas estafantes falas, com seus hábitos horrendos e com a leveza de quem acha que é, mas não é. Com a sua GULA, quer o banquete todo para si e rosna quando algum governador se aproxima; Com a sua AVAREZA, despreza Deus acima de tudo e idolatra o poder; Com sua LUXÚRIA, descontrói o que os cristãos acreditam ser para sempre, e faz valer o ditado que diz sobre comer gente; Com a sua IRA, despeja veneno em seus opositores, arma ciladas para aqueles que são contrários à sua ideologia mórbida, ceifa a liberdade de expressão; Com a sua INVEJA, sonha ter o reconhecimento que tíveram outros presidentes, avacalha com a reputação daqueles que inveja, impede que as políticas públicas sejam adotadas; Com a sua PREGUIÇA, joga tudo nas mãos do Guedes (e de todo time de amadores) para ficar fazendo o que mais sabe fazer: nada; Com a sua VAIDADE, acredita piamente que é o melhor presidente do mundo, compra briga com países importantes para a balança comercial apenas para se sentir lembrado, apenas para sentir o gostinho da soberba de ter seu nome pronunciado lá na europa. Estamos morrendo. Etamos dependendo de um governo que faz parte da turma de lunáticos que militam no movimento antivacina, que acreditam em conspirações alucinógenas, que desmerecem a luta contra o racismo, contra a misoginia, contra a homofobia... Fazemos parte de um cenário obscuro, onde a luz no fim do túnel brilha em 2022, e só será alcançada pela democracia do voto. Por mim, por você, por todos nós, brasileiros: Corrija o seu voto em 2022! A pior das doenças já estamos vivendo e a vacina está nas urnas.

domingo, 13 de dezembro de 2020

Apesar de você, amanhã há de ser outro dia

A vígilia começou, na igreja, um silêncio de dor mas todos ali sabiam o que pedir para Deus: o fim da pandemia. Muitos dos nossos amigos e parentes perderam a vida para esta doença, tão estranha e desconhecida. No templo, em meio ao cheiro agradável dos incensos, reinava um gosto de luto. Me lembro que, na semana passada, havia passado na porta da igreja e, pela porta entreaberta, vi quando um morador de rua entrou, passou em frente ao altar, ficou por alguns minutos e sumiu num canto cego. Pensei que, talvez, pudesse oferecer ajuda, mas decidi não me comprometer. Nesta outra ocasião, fui convidado para fazer parte da equipe de canto. Cheguei com meu instrumento musical, porém, atrasado. Enquanto montava o equipamento, vi o mesmo mendigo da semana passada, passando no meio das poucas pessoas que estavam na igreja. Ele andava todo emborcado. Muitas pessoas não estão se arriscando, de maneira alguma, a sair de casa, afinal, a doença tem se arrastado no tempo, sem solução, enquanto o governo federal não sabe o que fazer. Já são quase 300.000 mortos no país. Muitas famílias despedaçadas, muita gente que acreditava na mentira desse vírus hoje se encontra a sete palmos do chão. O morador de rua, com um odor insuportável, passava entre todos, por sinal, ele não usava máscara. Aliás, via-se pelas mãos que há meses ele não tomava um banho, mesmo assim, lambuzou-se de álcool em gel na entrada. Quando o vi, passando lentamente e cabisbaixo, decidi deixar meu sax e ir ao encontro daquele homem. Antes que eu me achegasse, o Padre Flávio chegou primeiro e, educadamente, começou a conduzí-lo para a porta lateral da igreja. Voltei até a equipe de canto para guardar meu instrumento e ficar por conta daquele sofredor das ruas. Quando dei a volta para chegar até a porta lateral, uma pessoa me informou que levaram o homem para o banheiro. Fui para o banheiro, porém, não consegui entrar, não sei por qual motivo, havia grades impedindo que eu chegasse pelo caminho mais curto e mais óbvio. Das grades, conseguia ver pela janela, e, para minha surpresa, vi o sr. Ditão dando um banho no morador de rua. Comecei a rir muito porque o Ditão estava tomando banho também, fazendo valer a lógica de que, já que está na água, é pra se molhar. Junto com o Ditão, vi dois amigos de longa data, caras com quem comecei o trabalho de assitência às pessoas em situação de rua, trabalho este que exerço ainda hoje. E creio que sempre. Despertei feliz para um novo dia e, ao mesmo tempo, assustado com a alarmante profecia. Apesar de você, amanhã há de ser outro dia, como diz o Chico Buarque, né?

cantávamos "desesperar jamais" do Ivan Lins.

Éramos três atendentes, enquanto aguardávamos os clientes cantávamos "desesperar jamais" do Ivan Lins. Estávamos dispostos um ao lado do outro, sendo que mais próximo da porta ficava o Fortis, no meio o Altum e depois eu. Meu nome vocês já sabem. A primeira cliente chegou e foi direto no Fortis. Conversaram, negociaram...e chegou o segundo cliente. Quis aguardar para ser atendido também pelo Fortis. Eu e o Altum não fizemos nada, apenas, observamos. Uma terceira cliente chegou e se dirigiu à mesa do Altum. Ele ficou feliz e atendeu com todo carinho. Assim que saíram todos os clientes, ficamos nós três cantarolando Lins. O Altum parou a música e disse que poderia cuidar de tudo, assim, ficaríamos mais sossegados para fazer outras coisas. A proposta foi, para nós, atraente. Deixamos nossa cadeira, sem desespero, e fomos fazer outra coisa na vida. Nada de novo neste momento onírico.

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Deus nos uniu e o universo sorriu

em 28 de novembro de 2015 eu me casei com a minha água, foi uma cerimônia linda e repleta de boas companhias, creio que mais de 1000 naquela bela noite, cheia de sonhos e bons fluídos no santuário diocesano de nossa senhora aparecida. tivemos um atraso que não foi nossa culpa e, por causa disso, acabei vendo a noiva antes da entrada triunfal. diga-se de passagem, caiu por terra o dito popular de que ver a noiva antes da hora causa azar. azar? azar que nada! noivos: recomendo que vejam a noiva, divinamente adonada para o casamento, antes da cerimônia! isso dá é sorte! estava próximo do altar aguardando o casamento anterior acabar quando decidi ir para porta da igreja, no meio do caminho topei com aquela lindeza, apertada, correndo para o banheiro. nos cumprimentamos educadamente e tentei fingir que não a via, mas não teve jeito. a primeira entrada triunfal dela foi no banheiro minúsculo do templo. com quase 1 hora de atraso, a cerimônia religiosa começou. muita música bonita, muita emoção. casar com a minha amada representou uma grande vitória, uma luta pela esperança que esse dia chegasse. depois do lindo momento, seguimos para festa! nossa! merecíamos! uma festa linda, com muita comida e bebida a vontade, uma decoração esplêndida, muita felicidade no ar! e uma chuva às 4h30 da manhã, pra brindar tudo. depois da champagne, logo veio nossa nova missão: pai e mãe! hoje celebramos nossos 5 anos de vida matrimonial, com muita paz e realizações, já somos 4! a vida nos felicita todo dia e as bênçãos do céu são como mimos. a gratidão é tremenda e o amor é daqueles que ardem no peito, aquela vontade louca de existir para a linda família que temos. minha água, você, com sua beleza e com esse dom de ser mãe, a professora pela qual todos se apaixonam, faz os dias dessa casinha dos fundos sempre felizes. Deus nos uniu e o universo sorriu. feliz bodas de madeira para nós!

domingo, 22 de novembro de 2020

chorei feito cachorrinho sem rumo!

eu estava em frente à minha antiga casa, a casa da minha infância. um canteiro com grama baixa era o nosso campinho de futebol. a gente se divertia todo dia, numa corrida louca atrás da bola. num dado momento, os brinquedos da minha infância começaram a passar por mim, eram arrastados numa espécie de trenzinho. cada brinquedo que passava eu suspirava: pratinhos de plástico, muitos, de vários formatos e tamanhos, talheres descartáveis, alguns quebrados e outros ainda embrulhados num guardanapo. manguinhas e abacatinhos espetados com palitos de fósforo e, por fim, o mais querido: um fusca branco, todo equipado e com meu nome escrito nas laterais e no teto. jefferson. a letra era bem infantil. como passei toda a minha infância numa casa dentro da área do aeroporto da cidade, tinha acesso ao lixo, bastando, para isso, apenas pular a cerca de arame que separava o quintal da minha casa da área de segurança. no lixo encontrava de tudo, e o que eu mais gostava era dos restos de lanches do serviço de bordo da varig, meu Deus, quanto luxo! levava tudo pra casa, onde separava o que ainda poderia ser consumido do que seria servido para nossas galinhas. os pratinhos e talheres fazim a nossa diversão. nossa casa tinha um quintal enorme, com 5 mangueiras e 3 abacateiros, além de um pé de tamarindo. as frutinhas que caiam com a ventania
a gente pegava e fazia bichinhos com elas, criávamos nas nossas fazendas imaginárias. pensa numa diversão garantida! o fuscão foi presente de uma tia e chegou pelo correio, ele era lindo! tinha bagageiro e grades de proteção na frente, além de um estepe na parte traseira. era o carro do fazendeiro. éramos 8 irmãos, sendo 5 homens e 3 mulheres. brigas? muitas! mas as brincadeiras superavam as encrencas. não me recordo quem escreveu o meu nome no carrinho, mas era questão de posse. a casa era cedida para nossa família até que meu pai se aposentasse no serviço público, portanto, assim que saímos, o imóvel ficou abandonado por anos, depois, foi demolido, por fim, todas as lindas árvores foram cortadas. hoje existe um nada onde correu tanta história. o tempo voa... que lindo momento onírico! essas coisas já estavam esquecidas na minha cabeça e, de repente, voltam enquanto durmo. chorei feito cachorrinho sem rumo!

domingo, 11 de outubro de 2020

partiu, prainha do sabiá!

quando a gente vai fazer uma surpresa para alguém, é surpresa apenas se esse alguém não souber, caso contrário, não tem nada de surpresa. quando você usa os espaços públicos para fins pessoais, caso não tenha autorização, que o uso seja rápido, assim, ninguém será incomodado. se, por acaso, você insistir em usar o espaço público por um tempo maior, deixando nele coisas pessoais etc e tais, não poderá reclamar se algo do que foi programado der errado. coisas somem, sujam, voam. tá parecendo o eclesiates! pessoas chatas não faltam no mundo, às vezes, pessoas sensatas são confundidas com chatas. querem ajudar para que e erro não aconteça e levam a má fama. quando as pessoas sensatas, tachadas de chatas, deixam o leite derramar, são questionadas com um sonoro "por que você não fez nada?" melhor nadar mesmo. partiu, prainha do sabiá!

jornalistas, políticos, celebridades, chefona dos 300 do brasil etc etc...

infelizmente, chegamos ao terrível número de 150.000 vítimas da covid-19 no brasil. um vírus avassalador que segue destruindo tantos lares. perdi vários conhecidos e alguns amigos, vi parentes e amigos próximos quase entrarem nas estastísticas, me esforço para fazer a minha parte. o mundo inteiro teve que se render ao poder invisível, quase invencível do novo coronavírus. uma guerra agora é travada fora dos campos, dentro dos laboratórios, afinal, uma vacina é sinal de vitória, de tecnologia avançada e de cientistas felizes. a corrida pela imunização se assemelha à corrida espacial: cada país dando o seu máximo para chegar lá e alcançar o status de superpotência tecnológica. já tem futuras vacinas compradas e pagas, sem sequer saber se ficarão prontas. de promessa de compra e venda o mundo tá cheio. no brasil estamos, ainda, sob o olhar de um governo negacionista, que não conseguiu convencer um único médico que fosse para o cargo de ministro da saúde. enquanto os brasileiros morriam, a pasta da saúde estava ocupada interinamente por um militar que mal sabia o que era o sus. como não teve médico louco que aceitasse sujar o currículo com vidas inocentes, o cargo foi ficando vago por meses, até que, na bela manhã do dia 16 de setembro de 2020, exatamente após quatro meses de serviço provisório, o jeito foi nomear o general pazuello para o cargo. ele aceitou, pois, como general, estava sendo profundamente submisso às ordens iradas do capitão. __vai todo mundo tomar cloroquina! __sim senhor! tá assinado! bem, isso foi o de menos. piores foram as demonstrações públicas do próprio mandanatário da nação, um show de bizarrices com discuros e práticas contrárias a todas as recomendações para se prevenir uma contaminação. muitos apoiadores do governo que seguiram os exemplos vindos, diretamente, do planalto foram parar nos cemitérios brasil afora, e ajudaram na triste marca nesta semana alcançada. choramos os nossos queridos, choramos a nossa falta de direção. de qualquer forma, na mesma semana da lamentável marca de 150.000 vítímas fatais, tivemos a excelente notícia do fim da corrupção no brasil. uma grande conquista para um povo cansado de ser roído pelos ratos engravatados. o fim da lava-jato era o sinal que muitos dos apaixonados pelo governo federal esperavam desde o lançamento daquele adesivo famoso no qual se lia: #EUAPOIOALAVAJATO #BOLSONARO17 também na mesma semana do triste número, tivemos cenas de carinhos imparciais entre o chefe do executivo e o chefe do judiciário, ouvimos o nome de um desembargador que tem trânsito livre na câmara e no senado, um tal de kassio nunes marques. nome que, do nada, brilhou mais que outros aventados pelo presidente no decorrer deste ano para vaga que se abriu no stf. já sacaram quem nem lattes ele tem, mesmo assim, foram checar as informações e já deu bode. vê se pode? uma leva de admiradores do presidente vai ouvindo o barulhinho da ficha cair. os mais novos escutam outros sons que também levam a uma epifania. uns saem de mansinho, outros caem atirando e são chamados de comunistas. é cômico! mas...sorria! a verdade dói e é difícil aceitar sem bancar o turrão. lindo é ver um arrependimento sincero, honesto, do tipo que percebe que foi enganado e muda de rumo. mudar de rumo, nesse caso, não siginifica ser oposição após uma frustração, mas, pelo menos, parar de ficar arrotando insanidades como se robozinho papagaio fosse. é preciso ter um pouco de amor próprio e esquecer o lula e o petê. o assunto vai além das paixonites agudas. jornalistas, políticos, celebridades, chefona dos 300 do brasil etc etc... um por um vão percebendo em que enrascada se meteram. por outro lado, o presidente aumenta o índice de popularidade. graças a quem meu povo? acertou você que disse auxílio emergencial! se tudo der certo, será mantido até as eleições de 2022, com ou sem vacina. não meu caro... o brasil não é para amadores.

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

chega de conversa né pinóquio!

o pinóquio conseguiui! mentiu mentiu mentiu e chegou à presidência do brasil! hã??!! não é primeiro de abril! índios incendiários e caboclos loucos, auxilio emergencial a mais de 1.000 real pra geral? e essa história do país que mais protege o meio ambiente? que dia foi essa aula? aliás, onde foi essa aula? nada! um pouco mais. chega de conversa né pinóquio!

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

O presidente da república, exmo. ilmo. sr. jair messias bolsonaro, sancionou a Lei 13.979

O presidente da república, exmo. ilmo. sr. jair messias bolsonaro, sancionou a Lei 13.979, de 6 de fevereiro de 2020, que prevê inúmeras medidas de combate ao novo coronavírus, dentre elas, a vacinação compulsória. mas... ontem o exmo. ilmo. sr. jair messias bolsonaro, presidente da república federativa do brasil, disse que assinou mas não leu. por quê? porque agora ele anda dizendo que não se pode obrigar ninguém a ser vacinado. escreveu não leu. não leu. não escreveu. nem escreveu e nem leu, só assinou. e assinou com a sua caneta (de) pobre. escreveu não leu, pau comeu. assume, com essa fala insana, mais um cargo: o de líder do movimento antivacina brasileiro. vai contra todas as leis possíveis, contra tudo construído pela ciência, mas ao encontro de doenças que já estavam, inclusive, até erradicadas no país. 127.000 brasileiros mortos... como se não bastasse o negacionismo em relação à covid-19, a grande dificuldade de seguir medidas profiláticas, de não entender os riscos, ainda quer levantar a bandeira contra uma iminente vacina. meu Deus...que sina! chega logo 22!!

domingo, 6 de setembro de 2020

pezinhos gordinhos que ficam lindos nesse salto alto.


pezinhos gordinhos que ficam lindos nesse salto alto.
ficam lindo mas perigosos,
afinal, nossa menininha está pesada.
todo cuidado à mãe e à neném
são fundamentais.
agora que estamos no sétimo mês
e que vivemos tempos
de pandemia e paz,
queremos o melhor mundo
para nossa linda.
uma mamãe linda
só poderá gerar uma prole linda.
estou aqui, com os meus cabelos
encaracolados, torço para
que ela puxe os seus.
sigamos, com todos os cuidados
nesses dias em que temos que evitar
as ruas por causa do inimigo invisível,
nossa única guerra.
sairemos vencedores,
todos.

nisso, o ditão ficou impaciente


eu e o senhor ditão seguíamos a pé às margens da br 365,
rumo à rodoviária de uberlândia.
nossas intenções eram as melhores possíveis:
procurar irmãos de rua,
oferecer casa e cama pra eles.
paramos sob um viaduto para aguardar o melhor momento
para atravessar a movimentada via.
estávamos na área urbana da rodovia
e uma faixa para pedestres, por sinal,
muito mal sinalizada e apagada,
indicava o ponto para travessia,
teoricamente, segura.
esperamos um minuto,
dois, cinco...
e nada de alguém, sequer, reduzir a velocidade.
nisso, o ditão ficou impaciente.
__espera seu dito!
__humpft!
um caminhão muito grande se aproximou,
mesmo sem ter certeza que poderia atravessar,
o ditão entrou na frente do caminhão,
que, por ser muito grande,
escondeu outro caminhão que vinha ao lado.
diante da atitude impensada do dito,
não fui e presenciei a assustadora cena.
ele pisou na br e logo após o grande caminhão passou,
na sequência ouvi um o barulho de frenagem de emergência
e um cheiro de pastilhas de freio torradas.
um caminhãozinho três quartos,
que transitava ao lado, um pouquinho mais atrás
do primeiro caminhão, conseguiu parar e evitar
o que seria o atropelamento do ditão,
que, depois do susto, continuou sua caminhada.
com essa bagunça toda, os veículos reduziram a velocidade
e eu também atravessei,
para ganhar tempo e alcançar o ditão,
pulei uma proteção de aço
e me vi num canteiro de obras.
andei um pouco mas vi que tudo à frente estava bloqueado por máquinas
e muitos homens trabalhando.
decidi voltar, no entanto,
nessa hora uma grande estrutura de concreto estava sendo içada
e não pude voltar.
moral da história:
estava preso, sem poder seguir para lado algum.
ao longe via a cabecinha do senhor ditão.
esperei a retirada da peça gigante
e tentei voltar para o acostamento da br,
mas estava calçado com chinelos,
tentava pular e escorregava.
era só o que me faltava, pensei.
só me resta rir disso tudo.
despertei até cansado de tanto tentar
sair do buraco em que me meti.

saudades para sempre


estávamos aguardando o grupo de voluntários
que levaria comida aos moradores de rua
quando a vi do outro lado da rua,
com aquele mesmo semblante sereno de sempre:
minha mãe natureza!
corri ao encontro dela,
morto de saudades que estava.
estava serena mas cansada,
puxei uma cadeira,
exatamente igual às antigas cadeiras
que ficavam no hospital da ufu
no idos dos anos de 1980.
__eu vou querer um pouco de sopa!
__sim mamãe! mas nenhuma sopa no mundo é melhor que a sua!
agora, sente-se e descanse.

que visitinha mais rápida e gostosa!
saudades para sempre,
momento onírico.